Muitos ciclistas já cometeram algum erro com a corrente, cassete, câmbios e coroas da bicicleta – e todos pagaram caro por isso.

Recebi hoje de manhã essa foto de uma gancheira quebrada e um câmbio traseiro totalmente empenado, que certamente colocou um fim em um pedal que deveria estar super prazeroso. Além disso, vai custar caro para que essa bicicleta volte a funcionar normalmente. Me fez lembrar dos vários câmbios e gancheiras que eu também quebrei durante os meus primeiros anos de pedal e dos aprendizados que adquiri para que isso não se repetisse novamente.

Você já sabe que a relação da bike é composta pelas seguintes peças: Corrente, cassete, câmbio dianteiro, câmbio traseiro e coroas dianteiras. Essas peças são a parte mais importante para a conversão da nossa força em movimento, portanto são muito exigidas, custam caro e demandam um certo cuidado.

Vamos para os erros mais comuns:

1  – Relação suja

A sua bike não precisa estar sempre limpa, mas a relação sim. Esqueça a vaidade de manter os pneus e tubos limpos, mas lembre-se que a relação tem aversão a sujeira. Sujeira dentro das engrenagens metálicas é algo que impede o funcionamento correto do seu sistema de marchas, o que vai criar uma série de problemas, sendo eles: sistema sem regulagem, barulho, desgaste prematuro e possíveis acidentes como o da foto que recebi hoje de manhã.

Quando a sua corrente começar a ficar preta ou com sujeira aparente, utilize um desengraxante (facilmente encontrado em lojas de bike ou pela internet). Recomendo as marcas Algoo ou Elephant. Querosene ou óleo diesel são opções que também vão limpar as suas peças, mas são péssimas para o meio ambiente, principalmente quando você não tem uma caixa de descarte de óleo e produtos químicos como a maioria das bicicletarias possui.

2 – Relação com lubrificação inadequada

Não basta lavar a sua bike e esquecer de lubrificar. A conferência da lubrificação deve ser diária, a cada vez que você sobe na bike. É só colocar a mão na corrente e ver se ela está lubrificada. É impossível dizer quantos quilômetros dura uma lubrificação, por isso você deve sempre conferir se está tudo ok e refazer a lubrificação sempre que necessário e a cada vez que lavar a bike.

Existem diversos tipos de óleo, mas em resumo, os mais versáteis e limpos são aqueles com base de cera.

3 – Câmbios desregulados

Câmbios que não estejam com a regulagem muito boa correm um risco grande de acidentes durante uma passagem de marcha, ocasionando a quebra do equipamento. Além disso, o pedal torna-se extremamente desagradável com marchas que não entram direito.

Conferir o alinhamento a gancheira, regulagem dos câmbios e seus parafusos é primordial para que as marchas encaixem bem. Não ignore os sinais de barulhos ou marchas “rebeldes” na sua relação. Eles estão lhe dizendo que está na hora de uma regulagem feita por algum mecânico de confiança.

4 – Prolongar o tempo de troca da corrente

A sua corrente possui uma vida útil que deve ser respeitada. Usar uma corrente velha pode economizar o seu dinheiro em um primeiro momento, mas depois vai te dar um prejuízo muito maior. Quando a corrente fica velha e passa da hora da troca, ela transmite o seu desgaste para as demais peças: cassete, coroas e polias.

A forma correta de descobrir se a corrente está na hora de ser trocada não é calculando quantos quilômetros ela rodou, como fazemos com as correias dentadas dos carros. Existe uma ferramenta para isso, é o medidor de desgaste de corrente. Ele indica se a corrente está com o seu tamanho original ou se já houve dilatação dos elos, devido ao desgaste.

Qualquer oficina mecânica pode te emprestar um medidor de desgaste de corrente, ou você pode comprar o seu próprio medidor para monitorar diariamente, principalmente se possuir mais de uma bicicleta.

5 – Não utilizar a “embreagem” da bicicleta

Obviamente, bicicleta nenhuma possui embreagem, é só um jeito de falar. Mas sabe quando você está em uma subida e escuta aquele barulho de marchas sendo passadas com muita força?

É necessário que o piloto alivie a força que está fazendo nas pernas quando vai acontecer uma passagem de marcha. Se você está em uma subida muito forte, vale a pena dar uma pedalada um pouco mais forte antes de passar a marcha, e aí então fazer menos força – ou quase nenhuma – enquanto a corrente está se movimentando entre as engrenagens.

Suavidade e precisão são palavras chaves que o piloto precisa pensar quando está mudando as marchas da bike.

6 – Cruzar marcha

Esse erro deixou de ser um problema muito grande quando deixaram de existir as bikes com três coroas. Se você possui somente duas coroas na bike, você pode usar quase que todas as combinações. Para os grupos de 12v e uma coroa, não existem restrições.

De qualquer forma, vale lembrar que não é saudável para a relação da bicicleta que você utilize a coroa grande com o cassete grande, ou a coroa pequena com o cassete pequeno.

Isso torce a corrente e deixa ela em uma posição de maior desgaste e com possibilidade de acidentes mecânicos.

7 – Gambiarras e afins

Utilizar espaçadores para compensar um chain line errado, coroa com offset incorreto, pedivela de 2x em um grupo de 1x… Algumas combinações fora dos manuais podem sim funcionar, mas podem também virar uma dor de cabeça. É muito extenso dizer por aqui o que funciona e o que é tendência para desastres, mas fica a nossa recomendação para você pesquisar sempre que quiser utilizar algo diferente. E se ninguém testou até hoje, recomendo que você não seja o primeiro.

No mais, bicicleta é igual um casamento: o mais importante é cuidar sempre da relação.

Bons pedais!

  Por Breno Bizinoto – Revista Ciclo Sul

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