Vídeo: Quantas marchas minha bike precisa ter?
Pensando em comprar uma bicicleta e não sabe quantas marchas ela precisa ter? Então veja nosso vídeo com Gustavo “Cebo” Figueiredo, jornalista especializado em bike e acerte na escolha.
Veja maisOk, tenho certeza que você já entendeu muito bem como funciona o contato do ser humano e a sua bike: são somente três pontos de contato que definem toda a interação que temos com o nosso equipamento, por isso, são pontos muito importantes que vão definir todos os aspectos técnicos da nossa movimentação em cima da bicicleta.
Nos artigos anteriores falamos sobre o selim e também sobre as manoplas da bike.
Hoje vamos falar sobre os pedais, o último ponto de contato que temos com a bike. Ele é o responsável pela tração e força que aplicamos na bike, é o que conecta o nosso “motor” com o resto do equipamento.
Falamos nos artigos anteriores que em muitos momentos nós tiramos a bunda do selim para aplicar diferentes técnicas de pilotagem como a pedalada em pé ou descidas técnicas. No caso das manoplas, quase nunca tiramos as mãos de lá. Porém os pedais, esses de fato, nunca tiramos os pés deles. Isso só acontece em situações muito adversas como quando estamos em uma possibilidade de tomar um tombo e já nos preparamos para um possível “eject” da bicicleta.
Ou seja, o pedal é o ponto de contato mais permanente com o nosso corpo.
O bike fit do pedal não tem uma regulagem própria, ou seja, você precisa movimentar outras peças da bike para que o pedal esteja na posição correta para você. Em outras palavras, se o pedal não estiver no prumo correto em relação ao joelho, você precisa movimentar o seu selim, taquinho ou mudar o tamanho do seu pedivela.
Caso essas medidas estejam erradas, você pode desenvolver dores que começam no tornozelo e passam para os joelhos e quadril, podendo irradiar para o resto do seu corpo e acabar com o prazer de pedalar.
Primeiro, vamos acabar com o mito de que somente os iniciantes pedalam de tênis e que os ciclistas de nível mais avançado já migraram para a sapatilha.
Na verdade, atletas mais avançados das modalidades de enduro, downhill e freestyle gostam muito de utilizar o pedal flat (aquele sem o clip e taquinho na sapatilha).
Acontece que a pedalada com o flat, como na foto acima, é muito mais técnica, pois exige muito mais controle corporal para controlar a parte traseira da bike. Para os que andam de sapatilha, fica muito mais fácil executar esse controle, uma vez que é possível puxar a bike utilizando a conexão que existe ali entre o pé e a bicicleta.
Assim que você aprende a soltar o taquinho do pedal, fica tudo mais fácil, principalmente a pilotagem em trechos técnicos.
Para quem usa pedal de encaixe com clipe, é muito importante ficar de olho na pressão que o pedal está regulado.
Esses símbolos de “+” e “-” indicam se o pedal vai ter mais pressão ou menos pressão, basta girar o parafuso para cada um desses lados. Um taquinho gasto também vai diminuir a pressão nos seus pedais. Mas o que muda?
Bom, a última coisa que você quer é tentar tirar o pé do pedal e não conseguir. Se isso acontecer você vai tomar um tombo, mesmo que esteja em baixa velocidade. Isso pode acontecer caso a pressão do pedal esteja muito alta, então nesse caso, vale a pena deixar o pedal um pouco mais frouxo.
Acontece que, se você deixar ele frouxo demais, o seu taquinho pode se soltar do pedal em um momento que você não planejava que isso fosse acontecer. É problema garantido. Pode acontecer em um pulo ou em um simples quebra mola. Ter o taquinho desprendido do pedal em um momento indesejado é tão ruim quanto ficar preso pela pressão excessiva. Em ambos os casos você está sujeito a tomar um tombo feio!
Para você escolher a pressão correta do seu pedal, teste. Simplesmente faça o teste e veja qual pressão está adequada o suficiente para você soltar o pé em um esforço mediano, sem muitos atrasos. Aliás, treine soltar o pé com agilidade e tudo vai dar certo. Em outro momento podemos falar mais sobre as dicas para utilizar a sapatilha, mas tenha em mente sempre este ponto importante dos pedais de encaixe: pressão adequada sempre!
Pedais demandam manutenção como qualquer peça da bike. Ali dentro existem rolamentos engraxados que sofrem com ação do tempo e sujeiras que acabam entrando. É comum que os pedais desenvolvam folgas nos seus eixos ao longo do tempo, por isso temos que pedir para os nossos mecânicos abrirem eles eventualmente.
Mas o que essas folgas podem causar?
É preciso entender que toda peça com alguma folga incide quase sempre na nossa qualidade de pilotagem e consequentemente na nossa habilidade de manter o equilíbrio em cima da bicicleta.
Se o nosso pedal ficar com o eixo bambo, toda a instabilidade produzida por essa peça vai ser transferida para o nosso corpo.
Pode parecer bobagem o fato de o pedal estar com somente meio milímetro de folga, mas não se engane. Essa folga, quando transferida para os nossos pés e posteriormente para o corpo inteiro, cria uma instabilidade na nossa pilotagem, atrasa o nosso tempo de resposta em um obstáculo e o pior de tudo: deixa a nossa pedalada quadrada.
O movimento do pedal, que deveria ser um circulo perfeito de 360 graus, passará a ter aquele milímetro a mais nos pontos verticais do círculo (entendam, no ponto das 12 horas) e não terão essa medida adicional nos pontos horizontais do círculo (3 e 9 horas)
Isso pode ocasionar novamente aqueles problemas no tornozelo, joelhos e quadril. A cada pedalada, você sente a folga no seu pé.
Entendam de uma vez por todas que a saúde da nossa bicicleta reflete na saúde do nosso corpo, principalmente quando nos referimos às peças que são pontos de contato.
Bicicleta com a manutenção atrasada é um prato cheio para um corpo com lesões.
Outra possibilidade menos comum, mas ainda perigosa, é o alinhamento do eixo do seu pedal. Às vezes tomamos um tombo e batemos o pedal em uma pedra, ou então damos uma pedalada em alta velocidade durante uma curva ou pulo e batemos o pedal em um meio fio ou pedra no caminho. Esses choques podem empenar o nosso pedal e consequentemente desalinhar toda a nossa pedalada. Troque imediatamente o seu pedal caso passe por essa situação.
Como já falamos, é importante que você verifique a manutenção do seu pedal para manter a saúde geral do esquema Bike X Piloto. No dia a dia, você deve limpar e lubrificar o seu pedal, com desengripante somente. Isso se aplica somente aos pedais de encaixe, os flats não exigem lubrificação externa pois não tem molas e parafusos.
Vale a pena também passar desengripante nos seus taquinhos, principalmente depois de eles terem contato com água. Isso evita que estes componentes enferrujem.
Por falar nisso, vamos aos demais cuidados com o taquinho:
Essa é uma peça muito barata para não ser trocada com frequência. Taquinho gasto é algo muito ruim que vai soltar com muita facilidade e como já falamos, isso é perigoso!
Outro ponto muito importante é o posicionamento correto do taquinho. Qualquer décimo de milímetro que ele estiver errado pode refletir em centímetros de diferença no seu joelho e quadril, portanto, esteja atento às dicas de posicionamento do taquinho:
Como instalar o taquinho na sapatilha
Como instalar e ajustar o taco em sapatilhas de estrada/speed?
O pedal transfere toda a nossa força para a bike. Essa transferência exige uniformidade, alinhamento e posicionamento correto, sem folgas.
Para quem usa sapatilha e pedal de encaixe, existem outros pontos de complexidade: o encaixe precisa ser certeiro, sem folgas e sem pressão excessiva. O treinamento é vital para eliminar as possibilidades de tombos e ter uma boa sintonia com esse artifício.
O pedal redondo significa saúde, folga e instabilidade é a receita para tombos e lesões!
Espero que vocês consigam memorizar esse ponto e assimilar com qualquer desconforto que por ventura exista durante as suas pedaladas, com o intuito de investigar de onde possa vir qualquer problema.
Pensem sempre no pedal e nos outros dois pontos de contatos! Eles não são os únicos elementos da bike que necessitam atenção, mas são os principais e que mais estão conectados com o nosso corpo e nossa saúde!
Um abraço e boas pedaladas!
Por Breno Bizinoto – Revista Ciclo Sul